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Finalizar uma etapa é importante. Saber sair de cena na hora certa também. Porém, isso não justifica ouvir tantas e tantas vezes a expressão “No meu tempo…!”.
Muitas vezes, ao defrontar-me com essa expressão, até parece que converso com alguém que aqui já não mais está. Dá uma certa tristeza perceber que muitas pessoas abrem mão de manter o tempo como seu enquanto aqui estão.
Acredito que sempre é “nosso tempo”, bastando estar vivo para tal. A idade? Pouco importa se alguém está com 10 ou com 100 anos. Pode-se estar desenvolvendo actividades diferentes, em etapas diferentes da vida, mas dentro do próprio tempo.
Quanto à minha aventura como atleta de alto rendimento no remo adaptado, pensando no aspecto organizacional, havia sido um tremendo sucesso. A modalidade desenvolveu-se e ganhou medalhas olímpicas.
Mais e mais atletas praticam a modalidade atualmente. Mas e eu, indivíduo, estava satisfeito? Inicialmente não, porque havia feito um planeamento que incluía a participação na paraolimpíadas do ano seguinte.
Depois do último mundial que participei, veio a primeira convocação para o ano da para olimpíada. Não pude ir, porque estava lesionado e tentava minha recuperação.
Um mês depois, veio a segunda convocação e, ainda, desesperadamente, continuava buscando a recuperação. No mês seguinte, veio a terceira e última convocação, quando tive que admitir que não havia mais condições, porque, para ratificar a impossibilidade, fraturei um pé.
Foi esse o momento quando tomei a decisão definitiva de que era chegada a hora de fechar mais um ciclo. O remo como esporte de alto rendimento não faria mais parte da minha vida.
Nessas circunstâncias, continuar seria teimosia, já não seria persistência. Apesar de ser dolorido o fato de que minha oportunidade específica como atleta de remo havia passado, de nada serviria ficar me lamentando.
Poderia passar um tempo me perguntando o “por quê” dessa lesão nesse momento, quando eu ainda queria muito competir para garantir a vaga e participar de uma paraolimpíadas. Mas, na verdade, a lesão apenas foi um sinal do fim desse ciclo, deixando o caminho para novos atletas, uma vez que eu tampouco era tão jovem.
Saber sair de cena na hora certa, com dignidade, como um dos precursores do remo adaptado no Brasil, certamente era a mensagem da minha lesão.
Assim como não se pode ser eternamente adolescente ou jovem, eu não poderia continuar insistindo na minha condição de atleta de alto rendimento.
Havia cumprido o meu papel. Havia alcançado meu sonho de integrar uma seleção brasileira.
A saída na hora certa marca a possibilidade de desfrutar dos novos ciclos que se abrem, trazendo outras tantas oportunidades, e era nelas que eu deveria me focar.
Eu não seria o Mineirinho. Era tempo de buscar novos sonhos. Era o meu tempo. Eu olharia mais uma vez!
Fonte:Autossuperação – Por Armando Neto